setembro 2016

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Materiais didáticos incorretos


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Há na legislação brasileira a contextualização da necessidade de que as atividades escolares contenham o tema Educação e Diversidade Cultural. Isto é expresso nas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que respectivamente falam de negros e indígenas nessa inclusão. A proposta abaixo é identificar alguns padrões de erros em materiais didáticos e paradidáticos apresentados para estudantes do segmento primário e secundário.

Negros (Lei 10.639/2003)

Identificação do material

Material didático: Atividade sobre o dia da consciência negra

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Disponível:  http://ift.tt/2dDS6Zy (07.09.2016)

O material didático não atende ao disposto na Lei 10.639/2003.

Representação Gráfica do grupo étnico em questão

A representação gráfica está de acordo com o definido pois traz um grupo diversificado etnicamente interagindo.

Perspectiva histórica e social

Em momento algum se coloca a perspectiva histórica e social no tocante aos desdobramentos da escravatura e suas consequências para a contemporaneidade como objetivo.

Representação da diversidade cultural

Nas generalizações há uma contraposição entre os indíos que não se adaptavam aos trabalhos na lavoura, os brancos que eram muito maus ou queriam a liberdade dos negros, enquanto os próprios negros são agentes passivos de olhares e visões externas sendo portanto descaracterizados quanto a motivações, história e descendência

Indígenas (Lei 11.645/2008)

Identificação do material

Material didático: Quebra-cabeças sobre o dia do índio.

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Disponível em:  http://ift.tt/2dDTRWD (05.09.2016)

O material didático não atende ao disposto na Lei 11.645/2008.

Representação Gráfica do grupo étnico em questão

A indígena é representada com traços caucasianos além de vestimenta estereotipada.

Perspectiva histórica e social

Indígena representada com adornos e vestimenta descaracterizadas quanto a identificação com povos indígenas brasileiros.

Representação da diversidade cultural

Completa descaracterização quanto a qualquer representação cultural de povo indígena brasileiro (ou de qualquer lugar).

Material paradidático (Ambos)

Identificação do material

Material paradidático:

“HISTÓRIA PARA CRIANÇAS – DIA DO ÍNDIO | OS TRUPETS”

Disponível em:  https://www.youtube.com/watch?v=-XxSTNFc1q4 (04.09.2016)

O vídeo não atende ao disposto na Lei 11.645/2008.

Perspectiva histórica e social

O vídeo compreende que além utilizarem pinturas e adereços estereotipados, também não faz a leitura correta das crenças indígenas e cultura quanto ao motivo da dança ou os efeitos de crença manifestados aqui através de tal dança.

Representação Gráfica do grupo étnico em questão

Indígenas estereotipados como negros.

Representação da diversidade cultural

Na altura de 01:58, o indígena representado apresenta um modo de expressar-se também esterotipado e com maneirismo linguísticos não condizentes a qualquer fala indígena moderna, reforçando aquela do imaginário popular.



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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Conflito racial: Uma história real


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Conflito racial na escola

Um caso particular ocorrido acerca de conflito racial foi no primeiro ano que fui à escola. Ocorreu no ano de 1985 e envolveu estudantes de um Jardim de infância  no subúrbio do Rio de Janeiro.

Ocorreu que nas primeiras ocasiões que frequentei a escola tive um impacto pelos colegas da escola serem de cor diferente da minha. Neste caso a professora separou-nos por raça em uma das ocasiões para uma atividade folclórica, pois cada um deveria representar um dos seres da cultura brasileira. Apelidaram-me de “Maguila”, em uma dupla análise: O boxeador e também o Gorila do desenhoa animado. Em outro momento este apelido surgiria novamente em uma aula de capoeira.

O desdobramento nesta questão foi que pela primeira vez tive a noção que era diferente pois teria de representar um papel diferente do que eu queria mas o que me encaixava. Nessa questão, foi a primeira vez que perguntei à minha mãe: “Mãe, por que eu sou preto”?

Uma análise dos focos do conflito

A principal motivação do conflito foi a questão racial e discriminatória na divisão dos papéis do exercício em sala, que envolve uma postura inadequada dos professores que, despreparados, apresentaram uma maneira inadequada de tratar diferenças raciais entre os alunos da classe. Os meus pais tentaram amenizar e a melhor das informações que fizeram foi dizer que era assim mesmo, que se eu fosse o melhor aluno da sala, isso iria passar. Quanto aos outros alunos, não houve qualquer represália e a quantidade de apelidos e xingamentos aumentou a ponto de eu sentirme envergonhado para pedir para ir ao banheiro e quase que diariamente urinar-me (à essa época, tinha cinco anos de idade).

Os aspectos legais envolvidos aqui são diversos: O preconceito que é defendido pela Constituição federal/88 em seu artigo 5º que declara que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (…)”; O racismo, que caracteriza-se por envolver segregação em razão de cor, raça; Injúria, que caracteriza-se pela “ofensa à honra utilizando-se de elementos de cunho racista”, conforme BASSO, 2013. Por tratar-se de algo muito extenso, destacam-se aqui os elementos constantes na LEI 7.716/89 que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor e, de certa maneria, a LEI 10.639/2003 por descaracterizar o estudo da História e Cultura Afro-brasileira da maneira adequada. Importante salientar que tal legislação é posterior ao episódio, o que abre enorme pauta para discussão, contudo não do mérito.

Estratégias que poderiam ser tomadas

Em termos atuais as ações a serem realizadas em conjunto com discentes e docentes relacionam-se diretamente à obediência às leis que incentivam a diversidade cultural e, como atividade específica, seria apresentar a diferença entre as raças de maneira imparcial e educativa de modo que o impacto dos alunos não seja tão grande. Para além disso, ações em que os próprios alunos possam se expressar de maneira livre são bastante melhores nesse sentido.

Bibliografia:

BASSO, Luiz Carlos; CAVALCANTI, Juliano. Aspectos destacados do crime de racismo. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 4, n.2, p. 1347-1364, 2º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc – ISSN 2236-5044



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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Zoológicos Humanos e Safáris em favelas


comportamento favela

Relação entre os modernos safáris em favelas e os zoológicos humanos do século XIX

 

A questão que se coloca aqui quanto aos zoológicos humanos e o turismo de safáris nas favelas cariocas tem haver com questões etnocentristas mas talvez outro viés pouco explorado é que também trata de uma questão da psiquê humana que é ser curioso quanto ao outro.

Nesse sentido há muitos exemplos que se pode tratar onde se faz um espetáculo para turistas, onde se vê o que é o estereótipo tratado como o rotineiro. Ora, os estrangeiros que vão ao Coliseu romano na Itália querem ver Gladiadores, há sempre alguém caracterizado como tal para grupos de turistas.

Gladiadores

 

De maneira anômala há essa questão em todo mundo e desde sempre. Aqui fulcro é a exploração de uma forma de atração turística que envolve áreas empobrecidas.

Internacionalmente tal prática é conhecida como “Slum tourism” ou “Ghetto tourism” e é praticada desde o século XIX, mesma época que se colocam os Zoológicos humanos a que se pretende comparar aqui.

Tal prática está presente em países africanos, na Índia (inclusive é parte do tema do filme “Quem quer ser milionário) e inclui partes de locais que sofreram tragédias, desde as clássicas áreas de emprisionamento de judeus na II Guerra mundial, até locais de desastres naturais como Chernobyl (Que passou em partes do último filme de James Bond), Bronx (que possui um tour pelos guetos chamado “O Bronx real” – vídeo em inglês de reportagem no Youtube –) e finalmente nas áreas da Indonésia (em que houve o Tsunami no ano de 2010).

Pode-se perceber que é uma questão inerente à curiosidade e, mais inerente à disciplina aqui versada, uma maneira de comparação social, ainda podendo-se verificar algumas questões relacionadas até mesmo à educação.

Aí se pode até classificar em outros itens como turismo de desastre e visitação a lugares abandonados, geralmente marcados por tragédias humanas.

Uma questão não verificada é: Que motivações os turistas possuem para participarem de tais safaris? Seriam as mesmas que as pessoas tinham no século XIX?

O site http://slumtourism.net/ é um local onde pessoas que estão envolvidas nisto se relacionam e trocam informações e aí que está a resposta: Isto é um negócio. Como tal há questões outras a serem verificadas.

Quanto ao etnocentrismo, claro que existe! Racismo, discriminação e outras mazelas relacionadas à degradação humana sim estão presentes, contudo, o poder público tenta apenas mascarar uma realidade que deveria ser remediada e esta é a crítica: Não trata-se de esconder mas de remediar ou minimamente humanizar.

Qual foi o fim dos zoológicos humanos? A Academia, através dos estudos antropológicos e sociológicos colocarem em xeque tais exposições de outros seres humanos.

Qual o fim dos safáris de favelas? Criação de políticas públicas de urbanização, cultura, dignificação, saúde e educação àquela população, de maneira que a “savana” não seja mais nosso quintal.

Uma provocação: Quem promovia são as mesmas pessoas que ainda promovem estes shows? Quem são estes indivíduos?

Alguns comentários

Meus comentários abaixo.

Uma visão dos locais históricos são sempre contextualizados de acordo com o uso social que se dá a estes locais. O Coliseu era o local utilizado para tal o martírio dos inimigos do Estado romano. Nesse sentido, também há de se perceber uma questão relacionada a como os romanos se viam e como viam o restante das pessoas. É a visão mais etnocentrista possível. De seguida, compreendido o motivo da peregrinação. Dei uma olhada no texto: http://ift.tt/2dBm6YY

Vi o texto (http://ift.tt/2d8l0kI). Compreendi a visão relacionada a esse lema de não se esquecer para não esquecer. Talvez aí resida inclusive a motivação pessoal que tenho para cursar história.
Este texto lembrou da questão que mais impressionou-me quando visitei pela primeira vez o Museu do inconsciente e vi as obras do artista Bispo do Rosário. Fiquei pensando na angústia que o indivíduo deveria sentir para externar daquela maneira tão elaborada seus sentimentos. Possivelmente é a mesma visão que, ainda no contexto de Villa Grimaldi ou outros locais de calamidade e tragédia são visitados e contemplados. Vi um texto interessante sobre este assunto: http://ift.tt/2dBlzpO.

Por que há demanda de visitas a estes lugares?

Há muitas questões que tratam deste item sobre a demanda. De maneira prática, pode-se pensar em três itens como principais: desconhecimento, ignorância e cinismo. (contraponto o artigo abaixo).

Desconhecimento da cultura alheia e de suas peculiaridades, mazelas e idiossincrasias.
Ignorância quanto ao diferente, que aliás, é o viés da disciplina aqui estudada: Compreender o outro, ou pelo menos aceitá-lo como este é, da maneira que ele é.

Cinismo quanto ao que acontece vs. o que se pode fazer acerca do assunto e, aí há uma questão de se sentir bem acerca de si mesmo quando em comparação com outros que considera inferior.

O que o visitante procura nesses lugares?

Pensando por um prisma diferente do que anteriormente havia sido abordado por mim, é a visão do diferente como menos evoluído e a reafirmação das caracteristicas que tornam os “animais do safári” mais inferiores, como exemplo, menos recursos.
Como o visitante olha para as pessoas que ali vivem em seu “habitat”?

O diferente causa aflição àqueles que não o compreendem, causa inquietação aos que querem ajudar e indiferença aos que se julgam superiores. Com esse olhar de superioridade, pode-se retornar ao Coliseu e falar de como os “Cidadãos romanos” viam-se a si mesmos e como viam os “Bárbaros”, ou seja, qualquer um que não era cidadão, ou seja, diferente. Aqui expande-se o conceito ao se pensar também como vemos a cultura da favela, que diferente daquela do observador deve ser dispensada, ultrajada, inferiorizada, quando apenas é diferente.

Vide: http://ift.tt/2d8kOlC

Como o visitante compara-se aos que ali vivem?

Aí é que está a questão: Não compara-se muitas vezes! Ali é outro mundo, outra visão, outra realidade e que jamais fará parte, sendo os “animais” ali apresentados de uma espécie “prima” da dele mas não da mesma.

Vide: http://ift.tt/2dBkJcO e http://ift.tt/2d8jYFp

Será a mesma visão dos zoos humanos?

A visão científica da época dos Zoológicos Humanos (Séc XIX) é bastante interessante pois floresciam conhecimentos e teorias como a Eugenia (Francis Galton, 1883), o etnocentrismo (Edward Tylor, 1871) e a evolução das espécies (Charles Darwin, 1859). A questão interessante aqui é que o método científico, que origina-se desde as bases do construtivismo e positivismo lá pelo século XVI e vigorou até o século XIX e início do século XX, portanto, em voga na época em que estes Zoológicos estavam em funcionamento pleno, era o “Determinismo Mecanicista” (Reducionismo, Modelo cartesiano), proposto por Descartes, que por si é empírico e muito parcial, cuja premissa é que “O mundo deve ser compreendido, dominado e modificado em favor do homem”. O que contrapõe ao modelo atual que por si é transdisciplinar e prevê a questão mais fantástica é que a ciência, como todas as ciências do saber humano, não é infalível (Karl Popper que diz isso).

Mas qual a importância desse método científico na questão dos Zoos humanos? À sua época, o conhecimento acadêmico predominate permitia apenas uma conclusão lógica de acordo com a proposição que não permitia as refutações ou mudanças de “paradigmas tradicionais”. É aquela questão de que sempre se assumia que se o pressuposto estava correto, a conclusão não poderia estar errada. Dessa maneira, analisar tais itens por uma visão da época não há nada demais . Ora, numa época em que se acreditava no conceito de Tábula rasa (cuja expressão de Russeau “O homem é produto do meio”, os pensamentos do empirismo de Locke e do positivismo de Comte, representam parte do que mais tarde comporia o Behaviorismo clássico), em que crianças eram “pequenos adultos” e a informação não viajava tão rápido quanto atualmente, é bastante possível que o diferente fosse objeto de curiosidade, principalmente por ignorância.

Inegável que era algo detestável, contudo, contextualizando à época, compreensível.

Verifiquei os textos: http://ift.tt/2dBl2V1 , http://ift.tt/2d8kG5F

Não é só sobre curiosidade e sobre conhecer o diferente e como nos vemos em relação ao outro.

 

Para contextualizar:

Um excelente vídeo do Porta dos Fundos sobre o assunto safári em favelas

Um texto de referência na Wikipédia sobre o tema Zoológicos humanos (Clique na imagem para ir ao texto):

Zoo Humano

Zoo Humano

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Agradecimento à professora Ursula Pinto Lopes de Farias que instruiu-me nesta disciplina.



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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Apresentação


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Me chamo Hugo Antonio e todos me chamam de Hugo (rs.).

Sou Analista de Sistemas  de formação, tenho 35 anos, sou casado e trabalho com treinamento de profissionais de saúde em sistemas informatizados no Rio de Janeiro.

Faço o curso de História com objetivo de realizar um sonho antigo, que é estudar algo que realmente gosto e me identifico. Parece simples, mas a formação em informática tem haver diretamente com necessidades financeiras e aquelas questões que a vida nos apresenta.

Meus sonhos são: Ter um só emprego (hoje tenho três), me aposentar (tenho perspectivas que pelo andar da carruagem a minha geração não conseguirá se aposentar, terá que trabalhar perenemente), ter horário (se alguém trabalha em três lugares, tempo se torna uma coisa abstrata). Se eu conseguir 2/3 com esta nova empreitada já estou mais que 50% do meu sonho realizado, logo, mais que hoje.

Para além disso, sempre me interessei por livros de história, artigos e tudo que trata do assunto que me passou pelas mãos. Tenho interesse específico em mitologias, desde sempre acho-as fascinantes, incríveis. Assim, fazer a graduação em história tem esse aspecto fantástico para mim. Em outro espectro, compreendo que pessoas que não conhecem como as coisas funcionam tendem a utilizá-las mal; pessoas que não compreendem o contexto histórico das questões simplesmente não conseguem utilizá-las, portanto, compreender o mundo atual deve passar por como se chegou aqui e talvez como os desdobramentos de questões atuais tenham paralelos em eventos passados. E é isso que pretendo ao cursar licenciatura em história: Que as pessoas que tenham-me como professor tenham a possibilidade de compreender o contexto que estão imbuídas e, talvez, partilhar da mesma excitação que tenho ao ouvir falar das lendas e mitos humanos.

A tarefa é árdua e ambiciosa mas possível com a ajuda de vocês.



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domingo, 25 de setembro de 2016

Como assim?


Primeiro passo

Primeiro passo

Olá!

Aqui quem vos fala é o Hugo.

Resolvi seguir meu sonho e estudar História (com “H” maiúsculo mesmo).

Desta maneira aqui é um espaço próprio para isto: Um site de ideias, mas agora ideias sobre educação e história.

Então, convido a todos para essa aventura.

Se precisar de falar comigo, vá até a página de contato.



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